31 de dezembro de 2015

A poesia em 2015

Qual o balanço dos lançamentos de livros de poesia em 2015? Há dificuldade para esse mapeamento, pois as pequenas editoras passaram a ocupar o espaço da edição dos livros de poesia, geralmente com difícil acesso às edições. Até hoje, por exemplo, não consegui o livro Corpo de festim, de Alexandre Guarnieri, que ganhou o prêmio Jabuti de 2015. Mas, pelos poemas esparsos na web, é um poeta que vem afirmar o caminho de reconhecimento das sensações do corpo na realidade. Foi editado por uma pequena editora: Confraria dos ventos. E também por uma pequena, Mondrongo, o livro A Dimensão Necessária, de João Filho, que parte de uma poética tradicional para sinalizar que está disposto a despojar as formas, se é que ainda é possível despojamento na linguagem. Este livro ganhou o prêmio da Biblioteca Nacional. Algumas edições de poesias reunidas: Orides Fontela, que está chegando ás livrarias, e Ferreira Gullar e Adélia Prado. Saiu pela Companhia das Letras a nova Reunião da poesia de Carlos Drummond de Andrade, mas uma porcaria de edição. Salva a reedição de Murilo Mendes e Jorge de Lima, pela Cosac Naif (espero que alguma outra editora dê continuidade ao projeto de reedição destes autores). As reedições de Cecilia Meireles e de Manuel Bandeira quase não merecem menção, pois sem nenhuma gala. Há gala na caixa da poesia completa de Mario de Andrade, pela Nova Fronteira. Homero nunca esteve tão em alta. Edição luxuosa da Odisseia, pela Cosac Naif. Teve livros de Fabio Weintraub e Ruy Proença, mas achei a poesia dos novos livros inexpressiva. Há esforço, mas a poesia não se realiza, pois é uma poesia do cansaço da própria poesia, do próprio poeta que perdeu a visibilidade e a espontaneidade. E teve Escuta, de Eucanaã Ferraz, o que tem sido, senão o melhor poeta, pelo menos o mais espontâneo e autêntico. Gosto de suas experiências com a linguagem que vai se criando com a prática da web. Em Goiás, a editora Martelo deu tom importante à edição de poesia. Para mim, ela foi responsável pela publicação de dois livros  que marcarão a história da Literatura, não só de Goiás, mas dos anos vindouros da nacionalidade. Primeiramente, Meditação, de Jamesson Buarque, que traz vitalidade, vivacidade à poesia. A poesia deixa de ser, em suas mãos, algo banal, ocupação de tempo, para ser um exercício responsável, pleno de energia. A Martelo ainda reuniu toda a poesia de Heleno Godoy, numa edição que dimensiona uma obra necessária para a evolução da poesia brasileira. Heleno Godoy despojou a poesia do pieguismo. O tempo tinha de passar para que a sua poesia fosse vista com a necessária profundidade, pois foi construída num tempo em que se exigia participação social. E ele estava noutro caminho, o caminho da permanência. É o meu livro do ano. E Goiás ainda teve dois livros com a reunião completa da produção de Edival Lourenço e Itamar Pires Ribeiro. Portanto, em Goiás, a poesia esteve em alta em 2015. Brasilia orbitou no mesmo e no frágil. Destaco Welcio Toledo, que ainda tem de eliminar muita banalidade para chegar à poesia que exigimos. E muito esqueci e muito não vi. Podem me ajudar a completar a lista nos comentários. E divergir.

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