Por mim, não será dado fim ao dia, os lilases
não se incorporarão à intriga da noite.
Por mim, as paisagens desejadas
brilharão em montanhas de ventilados verdes,
em nuvens de todos os Himalaias.
Alguns não se importam com a condução
de retornar às ruínas de Bizâncio,
reconstruí-la com os próprios punhos.
Não escravizar os homens das aldeias
felizes debaixo das pompas de floridas faias.
Por mim, não será dada a ordem
à tropa de cercar os açoites dos vândalos.
Sejam arrancados os retrovisores,
e falhe o corujão de levar o último trabalhador.
Os homens caem. Os homens se levantam.
Por mim, pode ser oficializado o capuz.
Não induzi à fome, escapei do pau-de-arara.
Não velejei na nau que trouxe a carga
de homens recolhidos nas aldeias.
Recortei a minha telha de cara limpa.
Por mim, não caia a hera do palácio,
do muro de retornar ao campo.
Tive a face às claras no exílio de um quarto
tomado de triponossomas e pus.
Não posiciono na esquina o aparelho.
Logo as palavras em todas as redes.
Quantas vezes destruída Bizâncio
na hora do aríete e do incêndio.
Quantas vezes reerguida e renomeada
na hora do trabalho e do diálogo.
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
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