Recebi nesta semana vários livros que comprei por reembolso da editora Cosac Naif. Adoro as belas edições desta editora. Lamentável no entanto a tradução viciada de alguns livros. Em Oblomov, logo no primeiro parágrafo, aparece o horrível "cujo", que só serve para relatórios: é uma palavra de uso correto, mas em desuso. E o que está em desuso acaba soando fora de lugar.. Jamais Gontacharóv usuaria esta construção frasal. E, na linda edição de Contos de Lugares Distantes, do australiano Shaun Tan, aparece também na primeira frase uma construção completamente incompreensível. Eu não compreendo esta frase: jardim: "aquele que ninguém cortava a grama". Matou a minha vontade de ler livro. Eu não sei se é em que se é onde ou outra alternativa. As traduções a cada dia ficam menos literárias. Estou cansado do uso do verbo "nutrir" e do uso de "passante" para transeunte. Para desejo, amor, compreensão, comer, para tudo é nutrir.Dá enjoo. E tantos outros vícios. Nunca fiz curso de tradução, mas traduzir é aproximar o texto dos usos da língua, e não querer inventar ou introduzir novos usos.
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
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