1 de setembro de 2013

Poema dos netos



Enquanto comprava estantes de presente para os netos acondicionarem os livros e discos, fui construindo com eles este poema. Na madrugada, apresentei uma forma mais adiantada. E talvez o poema ainda sofra mais acréscimos ou ajustes:

Não desgasta os eixos de tuas pernas
com o sorver do deserto inútil
engastado numa tela
Reserva-as para os momentos
de ir onde ficam os freixos

e os sândalos das frondes vívidas
e recuperarás a ciência
de conhecer a voz das árvores
e do aninhar dos seixos
num caudal de fonte
A rua está vazia se te ausentas

A cidade se despedaça
se tu permites os vândalos

Repousa os nervos em sal
e as alturas não vençam
com o terror das dormências
Deixa sãs as tuas pernas
para a próxima montanha
Já o bulício das águas
Já canta um pássaro,
eriça as penas nas frondes
do vívido freixo
A aridez já se desfaz
quando os passos
saem por uma porta

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