16 de setembro de 2012

Cosmopolis

Apesar de os filmes que se encontram em cartaz não serem nada animadores, arrisquei a ver "Cosmopolis". Fui na cara e na coragem, sem ver, inclusive, que era sobre o romance homônimo de Don Delillo. Assustei quando cheguei ao cinema e os funcionários do café e da limpeza da área do cinema já anunciarem que o filme é o pior que já esteve em cartaz, pois alguns que vão assisti-lo chegam a sair com menos de dez minutos de exibição. Só isso já foi um desafio. Precisava compreender essa façanha de Cronemberg! Primeiramente, o filme não é acelerado como a sinopse apregoa. É lento como um ensaio de Derrida! No entanto, é oportuno, pois todo Don Delillo é oportuno, e também todo Cronemberg. Arrasa com o universo capitalista, de isolamento do indivíduo dentro de seus bens e interesses. O personagem chega, na condição de capitalista, a ter uma chefe, em sua organização, para tratar das "teorias". Portanto, é um filme teórico. Inclusive há uma frase, que não decorei, mas que é a mesma de Almeida Garrett a quase 200 anos: "Quantos pobres são necessários para fazer um rico?". E nem Garrett deve ser assim tão ipsis litteris. No tempo de Garret, a visão ainda era do imperialista, e não do capitalista. Oras. É um filme que dá pra ver, talvez não para entender, pois, aí, as coisas são outras: tem que ter base, como diz o goiano. E, se não tem base, é melhor "carcar fora" após os dez minutos iniciais!

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