11 de junho de 2011

Wesley Godoi Peres

Voltei ao livro Água anônima, de Wesley Godoi Peres. Confesso, tem momentos surpreendentes. Um quase neosimbolismo e não neobarroco, sem perder a aliteração goiana. Foi saudado por Manoel de Barros em carta ao autor. Um dos momentos geniais do livro:


PEDRA DE SONHO

Casulo: carne borboleta
no fogo aguando luz carne
sol ar, ar pedra do alicerce
voando o mundo do qual
é prenhe o próprio casulo

inverso do voo de si mesmo,
oposto voo de casulo a esmo.
Na seiva: nada borboleta
nadando como nada o rio
voando a carne das estrelas.

Casulo ( outro? ): peixe pluma,
sereia alada, quase pássara,
aguando viva, como concha
aberta a sol azul-espuma,
ou como um mar caminha o vento

que flui o homemcasulado ao tempo.
O tempo homem, rio esférico,
esférico homem a poemar,
minério sim, e oceano
e músico âmbar das esferas:

contém-se fluido, se fecunda,
esperma orgânica aquerela,
minério musgo, aérea concha,
contido verso contorcido,
contido cosmo em expansão.

Catar palavra se limita
com chuva, imóvel: paralelas
e não, contidas explodidas
aladas águas, sempre outras
paredes mesmas do um: casulo

em expansão

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