DAR-SE AOS PREGOS E ÀS LÉGUAS
ferrugem colada às lavas
perder-se salsugem nas águas
larva nas boas e más línguas
perder-se para se moldar
entre a marreta e a bigorna
perder-se na quentura do forno
pães nas esbórnias dos lábios
entornar o sangue
nos moldes dos trevos
e voltar a se perder
safra quebrada nas lâminas
perder-se para nascer
nas flores e nos olhos da terra
não ser o ferrolho inchado
o caruncho na madeira das íris
Não basta uma safra, senão há a esterilidade. A poesia é meu território, e a cada dia colho grãos em seus campos. (Linoliogravura do fundo: Beto Nascimento
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Meu querido poeta, a fina essência da sua poesia é mais que glacê ou licor, é néctar! Adorei o poema e embriaguei-me no fecho:
ResponderExcluir"perder-se para nascer
nas flores e nos olhos da terra
não ser o ferrolho inchado
o caruncho na madeira das íris".
Abraço de irmão,
Luiz de Aquino