13 de junho de 2006

Poema [Salomão Sousa]

DAR-SE AOS PREGOS E ÀS LÉGUAS
ferrugem colada às lavas
perder-se salsugem nas águas
larva nas boas e más línguas

perder-se para se moldar
entre a marreta e a bigorna
perder-se na quentura do forno
pães nas esbórnias dos lábios

entornar o sangue
nos moldes dos trevos
e voltar a se perder
safra quebrada nas lâminas

perder-se para nascer
nas flores e nos olhos da terra
não ser o ferrolho inchado
o caruncho na madeira das íris

Um comentário:

  1. Meu querido poeta, a fina essência da sua poesia é mais que glacê ou licor, é néctar! Adorei o poema e embriaguei-me no fecho:

    "perder-se para nascer
    nas flores e nos olhos da terra
    não ser o ferrolho inchado
    o caruncho na madeira das íris".

    Abraço de irmão,

    Luiz de Aquino

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Salomão Sousa sente-se honrado com a visita e o comentário

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